domingo, 26 de junho de 2011

A iurta — Uma Casa Desmontável da Ásia Central

Uma iurta





O QUE é macio e redondo e mantém você aquecido no inverno, mas fresco no verão? Para povos nômades de algumas partes da Ásia Central, a resposta é uma iurta. Das estepes da Mongólia e do Cazaquistão até as montanhas e vales do Quirguistão, houve uma época em que essas casas tradicionais eram muito comuns.

A iurta é uma espécie de tenda circular com esteiras decorativas que revestem as paredes. Suas camadas externas são de feltro feito de lã de ovelha. Embora seja leve e fácil de montar, a iurta é resistente e confortável durante o calor do verão e o frio do inverno. Os quirguizes a chamam de casa cinza; os cazaques, de casa de feltro; e os mongóis usam o nome ger, que significa “lar”.
As iurtas podem ser marrom-acinzentadas ou brancas, dependendo da lã usada. A decoração das iurtas dos quirguizes e dos cazaques em geral inclui tecidos de lã tingida de cores vivas com motivos típicos no formato de chifres de carneiro. No passado, belos cobertores e tapetes de feltro indicavam a riqueza e o prestígio de uma família.
Uma parte muito importante da iurta é o aro central, onde todas as varas do teto ficam ligadas. Esse aro resistente e pesado dá estabilidade à estrutura. Ele é coberto por uma aba de feltro que pode ser levantada para arejar o interior ou ser fechada quando o tempo não está bom. Em noites de céu limpo, as famílias podem erguer a aba para admirar o céu estrelado.

Ideal para a vida nômade

O estilo de vida nômade ainda existe em algumas áreas rurais de países como Cazaquistão, Quirguistão e Mongólia. Em seu livro Yurts—Living in the Round  (Iurtas — A Vida em Tendas Redondas), Becky Kemery conta como camelos continuam sendo usados para transportar iurtas na Mongólia: “A estrutura é dividida em duas partes iguais que são colocadas uma em cada lado do camelo. O aro do teto é colocado por último; ele se encaixa perfeitamente sobre a corcova do animal. Os feltros são colocados em outro camelo. Onde não há camelos disponíveis, os pastores usam iaques ou cavalos para puxar as iurtas em carroças. Caminhões de fabricação russa também são usados.”
As iurtas mongóis têm varas retas e tetos mais planos que as outras. Isso ajuda a estrutura a resistir a ventos fortes e raios que atingem campos abertos. No Quirguistão e no Cazaquistão, o teto das iurtas tem um formato mais cônico e arredondado. A entrada da iurta costuma ficar de frente para o Sol, deixando a luz entrar. Dentro dela, cobertores e tapetes de feltro bem coloridos são dobrados e empilhados em cima de baús de madeira que ficam de frente para a entrada. Normalmente, um convidado importante ou o homem mais velho da família se senta na frente desse arranjo colorido.
Dentro da iurta, o lado direito da entrada é reservado para as mulheres. Ali são colocados todos os utensílios de cozinha, limpeza, costura e confecção de feltro. O outro lado é reservado para os homens. Selas, chicotes e outros equipamentos para caçar e tratar de animais são mantidos ali.

A iurta sobrevive a mudanças políticas

O estilo de vida nômade mudou drasticamente após a revolução comunista em 1917. Em toda a Ásia Central, os russos construíram escolas, hospitais e ruas, o que contribuiu para uma vida mais sedentária.
Com o tempo, muitos povos nativos deixaram a vida nômade para morar em aldeias e cidades. Mesmo assim, as iurtas às vezes são usadas nos meses de verão por pastores que cuidam de ovelhas, vacas e cavalos em grandes fazendas coletivas.
Maksat, um homem quirguiz que tem quase 40 anos, lembra-se: “Quando era adolescente, eu ajudava meu pai a cuidar do gado que estava sob sua responsabilidade. Em julho, quando a neve já tinha derretido e os caminhos estavam livres, conduzíamos os animais aos pastos no alto das montanhas.
“Ali, armávamos nossa iurta perto de um riacho, pois teríamos bastante água para cozinhar e outros usos. Só saíamos de lá quando o tempo começava a esfriar no início de outubro.” Assim, a iurta ainda tem um lugar nas sociedades modernas.

A iurta de hoje

No Quirguistão, por exemplo, é comum ver iurtas ao longo da estrada. Elas são usadas como lojas e lanchonetes, onde os turistas podem apreciar a gastronomia local. Os visitantes também podem ter uma ideia de como é a vida quirguiz por passar a noite numa iurta nas montanhas ou às margens do cristalino lago Issyk Kul.
As iurtas também são usadas em alguns costumes fúnebres da Ásia Central. Maksat diz: “No Quirguistão, o defunto é velado pelos parentes e amigos dentro de uma iurta.”
Algumas pessoas fazem propaganda da iurta, dizendo que ela é prática e agride menos a natureza. Recentemente, ela tem sido vista em países ocidentais. No entanto, a maioria das iurtas modernas é bem diferente dos modelos antigos. Materiais de alta tecnologia são usados em sua confecção, e elas costumam ser construídas para ser estruturas mais permanentes.
Embora não se saiba ao certo qual é a origem da iurta, seu valor é indiscutível. A iurta continua arraigada no modo de vida nômade da Ásia Central e dá evidência da criatividade de pessoas resistentes e adaptáveis.

Iurtas

Iurtas montadas perto do famoso lago Issyk Kul, no Quirguistão




2 comentários:

  1. Realmente eu desconhecia esses tipos exóticos de construção tão bem descritos em seu post que reescrevo em exemplo agora: As iurtas mongóis têm varas retas e tetos mais planos que as outras. Isso ajuda a estrutura a resistir a ventos fortes e raios que atingem campos abertos. No Quirguistão e no Cazaquistão, o teto das iurtas tem um formato mais cônico e arredondado. A entrada da iurta costuma ficar de frente para o Sol, deixando a luz entrar. Dentro dela, cobertores e tapetes de feltro bem coloridos são dobrados e empilhados em cima de baús de madeira que ficam de frente para a entrada.

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  2. Adoro quando posso aprender algo em um blog. Conhecimento nunca é demais. Ótimo post.

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