sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Piratas da indústria cultural contra a liberdade na Internet.

Lobby da inústria de entretenimento
A FORÇA DA GRANA
Que ninguém mostre este artigo ao deputado mineiro Eduardo Azeredo, autor do projeto de lei que tenta obrigar provedores de Internet a monitorar os dados dos acessos (horário, origem etc.) realizados pelos cidadãos. Como o político tucano (é incrível que ainda haja quem vote num porcaria desses) só joga a favor dos grandes grupos empresariais, não seria surpresa se inventasse de criar por aqui uma SOPA, como a que ameaça as liberdades civis nos EUA. Conheça o atual perigo que ronda a rede:
O IMPÉRIO HOLLYWOOD ATACA A INTERNET
Os lobbies de Hollywood pressionam para que seja adotada pelo Congresso dos EUA uma importante reforma legislativa prevendo a filtragem e o bloqueio sistemático dos sites suspeitos de encorajar a pirataria de obras protegidas.
Sexta-feira, 18 de novembro, os eleitos para a Câmara dos Representantes começaram a estudar, em comissão, o projeto de lei Stop Online Privacy Act (SOPA).
A democrata Zoe Lofgren, representante eleita de Silicon Valley, segue o passo “de eminentes ativistas e engenheiros de rede que emitiram reservas e merecem ser tidos em consideração”.
Tanto mais que, no Senado, o debate se centra em torno do Protect IP Act. Dois projetos legislativos que têm como objetivo reforçar (mais ainda) as medidas de proteção do copyright.
PENA DE MORTE PARA OS SITES NA INTERNET
Fazer remover os sites que pretensamente contornam a lei dos direitos de autor é uma ideia que foi ganhando terreno.
Já em 2010, o projeto de lei Combating Online Infringement and Counterfeits Act (COICA), previa a possibilidade de os serviços que geram os nomes de domínio suspenderem o acesso aos sites que infringissem os direitos de autor. Não tendo sido adotado, reaparece com o nome mais convincente de Protect-IP Act2.
Atualmente em discussão no Senado, o projeto de lei prevê a criação de um procedimento simples para o desaparecimento do site visado.
Uma vez emitida uma ordem judicial contra um site que “facilita” o download ilegal, a lei prevê a intervenção de uma série de atores e cria uma verdadeira máquina.
Os serviços de gestão de nomes de domínio ou prestadores de serviços seriam obrigados a bloquear o acesso ao site. Ficaria, portanto, ainda acessível através do seu endereço IP, mas já não por um endereço como http://xxxxx.com.
Os motores de busca, por sua vez, seriam obrigados a não fazer referência ao site em questão, enquanto os intermediários financeiros como o PayPal, ou de publicidade, forçados a terminar as transações com o site incriminado.
Trata-se assim de reforçar o arsenal jurídico para proteger a propriedade intelectual a qualquer preço.
Para alguns juristas, entre os quais Mark Lemley, professor de Direito em Stanford, o projeto de lei instaura uma “pena de morte” para os sites da Internet. Numa carta, destacam seu caráter inconstitucional.
Na verdade, impedir o acesso a um nome de domínio, sem dar uma oportunidade à pessoa acusada de se defender, levanta alguns problemas relativos ao direito a um julgamento justo.
Além disso, sob um mesmo nome de domínio pode misturar-se conteúdo legal e ilegal, o que ameaça a sacrossanta Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que consagra o direito à liberdade de expressão. E os juristas concluem:
A intervenção conjunta de diferentes atores para bloquear o acesso à WikiLeaks, em dezembro de 2011, pode ser analisada como um exemplo do que prevê o Protect-IP Act.
Num artigo recente, Yochai Benkler, professor de Direito em Harvard, espantava-se com o fato de o legislador pretender afetar todo o conteúdo de um site, e não só o conteúdo considerado ilegal. O que ele chama de “parcerias público-privadas” conduzindo a censura na Internet representam, na sua opinião, uma ameaça à liberdade de expressão.
A batalha do copyright
A GUERRA DOS LOBBIES
Acabar com a pirataria é também o objetivo do projeto de lei SOPA.
Versão apenas mais doce do Protect-IP Act, foi introduzido em finais de outubro na Câmara dos representantes, onde conta com um apoio transpartidário devido à proximidade entre os representantes democratas e os lobbies de Hollywood.
Estes não são estranhos ao novo nome delicado dado à SOPA, a lei E-PARASITA.
Na manobra estão as organizações que há alguns anos trabalham para reforçar a proteção dos direitos de propriedade intelectual na Internet, protegendo, assim, o seu modelo de negócios: a National Music Publishers’ Association, a Motion Picture Association of America a American Federation of Musicians, a Directors Guild of America, ou ainda a Câmara do Comércio dos Estados Unidos.
Os opositores ao projeto, por sua vez, constituem um grupo heterogêneo.
Da ampla definição dos sites que podem estar preocupados com a ameaça que recai sobre a arquitetura de rede (via DNS) passando pelas preocupações com a liberdade de expressão, não faltam razões para a mobilização.
Electronic Frounier Foundation (EFF), uma ONG em campanha pela liberdade de expressão na Internet, está na vanguarda da crítica e qualifica a nova lei como “desastrosa”.
Outras associações, como a Consumer Electronics Association e a NetCoalition, por sua vez, enviaram uma carta aos deputados, avisando-os contra os efeitos negativos da lei sobre o crescimento e a economia.
As grandes empresas de Internet, anteriormente recalcitrantes em comprometer-se no processo legislativo, também se pronunciaram. O Google ameaçou abandonar a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, e muitos empresários de Silicon Valley foram a Washington para expressar o seu descontentamento.
Assistimos, pela primeira vez, a uma batalha de empresários da Web no campo da legislação, designada por alguns meios de comunicação dos EUA como “Silicon Valley versus Hollywood”.
Difícil dizer se os geeks* levarão a melhor sobre os poderosos industriais do entretenimento.
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Publicado originalmente em Owni, com tradução de Deolinda Peralta para o Esquerda.net
* Geek, do inglês geek, pronuncia “guik”: segundo a Wikipédia, é uma expressão idiomática da língua inglesa, uma gíria que define pessoas peculiares ou excêntricas obcecadas com tecnologia, eletrônica, jogos eletrônicos ou de tabuleiro e outros. Adeptos da doutrina geek definem o termo como um “técnico, doutor, autodidata, apaixonado pelo que faz e pelo que entende”.

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Vida selvagem em camisetas com estampas hiper-realistas

Camiseta - Vida Selvagem
ALTAS ESTAMPAS DE ANIMAIS
The Mountain é uma das marcas de camisetas mais conhecidas na Internet, famosa por suas estampas supreendentes, algumas delas hiper-realistas, que parecem saltar de dentro do tecido.
As temáticas passeiam de veículos off-road pela vida selvagem, ao som de rock, até chegar aos animais domésticos, entre outras aventuras, algumas bastante engraçadas.
Camisetas - bichos
E há também estampas com belíssimas ilustrações e desenhos voltados à proteção ambiental e celebração da vida, como estes filhotinhos de tartarugas marinhas se dirigindo para o mar após a eclosão dos ovos na praia.
E não são caras, para a qualidade do trabalho gráfico: na faixa dos trinta e poucos, quarenta reais.
Estampa - filhotes de tartarugas
Pista seguida a partir do ótimo blog de Laura Amaral.
(clique nos links para conhecer e nas imagens para ampliar)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CDs e circuitos eletrônicos reciclados enfeitam o Natal.

Ornamentos com CDs e circuitos eletrônicos
DECORAÇÃO ECOLÓGICA
Três dicas rápidas para fabricar enfeites reciclados para as suas Festas de fim de ano, em casa ou no escritório: ornamentos para árvores de Natal com sucatas eletrônicas recortadas, para quem tem algum equipamento de corte, do tipo micro-retífica. Ideias de perfis não faltam na rede, basta fazer buscas simples por imagens e em páginas de cliparts, por exemplo. Ou então beber direto na fonte.
Na falta de maquininhas, mais simples ainda é colar, numa estrutura de papel-cartão duro, um arranjo com 25 CDs montados na forma de árvore para pendurar como um painel na parede. Depois é só furar a cartolina e encaixar por trás o fio com as lâmpadas pisca-pisca coloridas.
Reciclagem: árvore de Natal iluminada
Por fim, para quem dispõe de recursos bem limitados — tipo tesoura, cola e um disco de acetato rígido, por exemplo — uma boa alternativa é produzir uma guirlanda, também com Cds usados, para pendurar na porta. Arrematado com um laçarote vermelho fica bem legal.
Vídeo e explicações com o passo-a-passo deste enfeite reciclado aqui. A página é em inglês, mas basta dar uma olhada para entender como fazer. Mas fácil, impossível.
Enfeite de Natal reciclado
Outra dica para o reuso de CDs inutilizados como árvore de Natal no MakeZine.

O poder de destruição mental da Globo e demais canais de TV.

Pedro Bial e os imbecis do BBB
A VIDA DOENTE, MALIGNA E CORRUPTA
“Um idiota doente é a mesma coisa que um idiota com saúde. Talvez o idiota com saúde seja mais nocivo, pois ele é a expressão da idiotia em si, no seu esplendor equino e engajado. Com certeza, mais devastador porque ele tem o poder de arregimentar uma legião de idiotas que jogam mãozinhas pro ar, lotam estádios de futebol, arenas de vale-tudo e igrejas caça-níqueis. Ele é pior que a doença”. O desabafo sombrio é de Marcelo Mirisola (*).
DOR, DOENÇA E LOUCURA: ABRAM AS ASAS SOBRE NÓS
“Tudo depende de quem está doente, de quem está louco, epilético, paralítico – uma pessoa medianamente tola, em cujo caso a doença prescinde do aspecto intelectual ou cultural, ou um Nietzsche, um Dostoiévski (…)” — O Escritor e sua Missão, de Thomas Mann.
Um idiota doente é a mesma coisa que um idiota com saúde. Talvez o idiota com saúde seja mais nocivo, pois ele é a expressão da idiotia em si, no seu esplendor equino e engajado. Com certeza, mais devastador porque ele tem o poder de arregimentar uma legião de idiotas que jogam mãozinhas pro ar, lotam estádios de futebol, arenas de vale-tudo e igrejas caça-níqueis. Ele é pior que a doença.
Idiotas saudáveis ocupam espaço. O que a doença faz, muito lenta e modestamente, diga-se de passagem… é corrigi-los, tirando-os de circulação. O problema é que para cada Marrone fora de combate aparecem dezenas de Luans Santana e Restarts.
A propósito, há 30 anos Faustão promove carnificinas na Rede Globo, todo domingo. Perto do poder de destruição dessa gente que faz merchandising de financeira, e produz gerações de cretinos, os ditadores árabes e africanos não têm relevância nem pra vender mariola na Cinelândia.
Penso nos idiotas, faço umas contas e creio que nossa medicina está equivocada quando trabalha no sentido de prolongar a vida das pessoas aqui nesse vale de lágrimas que chamamos nosso lar. Se a ciência realmente fosse avançada, trabalharia no sentido contrário: diminuiria o tempo de sofrimento do ser humano sobre a face da terra, viveríamos menos e sem ressaca, e aproveitaríamos nosso tempo livre para, entre outras coisas, beijar na boca e ignorar a dança dos famosos.
Esse médicos que falam em “qualidade de vida” deviam ser obrigados a ler Dostoiévski, Nietzsche e Thomas Mann que, em ensaio impecável e datado (explico na sequência) Dostoiévski, com moderação, diz: “A vida não é suave com as pessoas e podemos dizer que ela prefere mil vezes a doença criativa, doença que doa genialidade, doença que enfrentará os obstáculos a cavalo, saltando de rocha em rocha com audaz embriaguez, à saúde que anda a pé”.
Ou seja, passados quase 60 anos da publicação desse ensaio, a vida continua avançando doente, maligna, corrupta. A diferença é que, na época em que Mann especulou sobre as doenças de Nietzsche e Dostoiésvski, a saúde dos idiotas andava a pé.
Hoje, a doença cavalga a vida e o gênio, embora continue sobrevoando abismos infernais, é que anda a pé – enquanto isso, a vida prossegue, digamos, “prossegue” e continua não fazendo qualquer distinção moral entre saúde e doença.
Quem faz essa distinção – pasmem – são os idiotas e as nutricionistas de plantão. A ponto de um idiota doente, hoje, ser mais reverberante que um gênio: tanto faz se esse gênio tem a saúde zerada ou se traz consigo um câncer de pâncreas.
Thomas Mann não teria chance com Pedro Bial. Os idiotas tomaram a insanidade de assalto, eles discorrem sobre vinhos e barris de carvalho, fazem lipoaspiração diante das câmeras e dão receitas de feijoada de soja na internet. As auras, as iluminações e os élans, a crucificação e o martírio também foram pro beleléu.
Na verdade, depois que os idiotas ocuparam todos os espaços, valha-me, Nelson Rodrigues!, urge inventar um novo termo para denominá-los. Gênios, Jobs, qualquer coisa assim…
Nem santo Agostinho, nem Bispo do Rosário. Outro dia li um ensaio de Maria Rita Kehl em que ela analisava o Planeta Melancholia de Lars Von Trier, a psicanalista afirma que, em tempos de Visa e Mastercard, não existe mais espaço e nem opção para a melancolia romântica, algo que – coincidentemente – nos remete à doença e à loucura de Dostoiévski estudadas por Mann em meados do século passado, mais precisamente em julho de 1945.
Infelizmente, o autor de Os Buddenbrooks apostou suas fichas no poder de subversão do gênio, e quebrou a cara. Perdeu. Perdemos.
Impossível hoje, diz Rita Kehl, cogitar “num flâneur a recolher restos de um mundo em ruínas pelas ruas de uma grande cidade (Baudelaire) de modo a compor um monumento poético para fazer face à barbárie”. No alvo.
Consequentemente a dor criadora, a loucura e a doença que Mann cogitava como grandes heranças de Dostoiévski e Nietsche, hoje, não fariam sentido nem pra fazer piada sem graça em show de stand-up.
Maria Rita Kehl, psicanalista freudiana, diz com todas as letras: “o que se perdeu na transição efetuada pela psicanálise foi o valor criativo que se atribuía ao melancólico, da antiguidade ao romantismo (…) onde o melancólico pré-moderno, em seus momentos de euforia, era dado a expansões de imaginação poética, hoje a mania leva os pacientes ‘bipolares’ a torrar dinheiro no cartão de crédito”.
E arremata: “o consumo é o ato que expressa os atuais clientes da psicofarmacologia, apartados da potência criadora que sua inadaptação ao mundo poderia lhes conferir”.
Não só o Visa e o Mastercard substituíram e ocuparam o oco dentro de nossos peitos, eu acredito que devam existir outros fatores que corroboraram para a falência múltipla de nossas alminhas, ainda não sei bem quando as asas se quebraram, nem onde nem como houve a fratura e a queda, mas creio, sinceramente, que a doença, a dor e a loucura estão fazendo muita falta neste lugar que denominamos “nosso mundo”, vasto mundo… que se se chamasse Raimundo seria apenas uma rima, jamais uma solução.

Marcelo Mirisola é colunista do Congresso em Foco, considerado uma das grandes revelações da literatura brasileira dos anos 1990. Formado em Direito, jamais exerceu a profissão. É conhecido pelo estilo inovador e pela ousadia, e em muitos casos virulência, com que se insurge contra o status quo e as panelinhas do mundo literário.